terça-feira, 21 de junho de 2011

Lixo Lucrativo

No passado, o lixo urbano foi um resíduo indesejável que não interessou a ninguém, o que obrigou a in tervenção meritória pública para fazer sua coleta, tudo bem misturado e atirado em algum buraco emterreno disponível: os lixões. Posteriormente, na coleta, passou a ser bem
socado em caminhões compactadores. Os graves problemas dos lixões são
conhecidos: vetor de doenças, gases poluentes da atmosfera, chorume
contaminante de lençóis freáticos, mal cheiro, degradação local,etc. Para
minimizar os problemas de enterrar lixo, foram criados os lixões tratados:os
aterros sanitários, que nem sempre atendem padrões sanitários porque exigem
aporte tecnológico e de capital nem sempre disponíveis nos municípios pois
enterram dinheiro, nesse caso também com degradação social. Porém, com o alto
volume de lixo gerado, devido ao enriquecimento da sociedade e uso de
descartáveis, os aterros sanitários
saturam logo e são interditados. O disparate se perpetuou a partir do momento
em que as prefeituras passaram a contratar grandes empresas coletoras e impor
taxa de lixo à população, em separado do IPTU, para sustentar o contrato
milionário. Em Campinas, custa cerca de 8 milhões por mês para coletar e socar
lixo.Para contaminar o meio ambiente e desperdiçar matéria prima nos aterros se
gasta, alem dos custos de alguns milhões de implantação, custos de manutenção
da ordem de um milhão por mes. A destinação por enterramento para a
degradação, algo que não se tolera mais
acontecer, provoca discussões absurdas em nome do meio ambiente, como é a de
uso de papel e papelão contra saquinhos de plástico em supermercado. A
discussão deveria ser a de custos econômicos e energéticos, que também é
poluente, para reciclagem de um ou outro produto, ou de reutilização de
embalagem. A viabilidade econômica do lixo como matéria prima está provada pela
existência de inúmeros coletores e empresas recicladoras dedicadas, apesar de
terem ainda um sistema ineficiente de
coleta e manipulação. A pergunta é: porque não se desenvolve a industria do
lixo? Entendo que é porque sua gestão é monopolizada pela intervenção estatal,
se tornando, ai sim, um problema ambiental. Na pior das hipóteses, seria melhor
gastar para reaproveitar que enterrar, o que, há quem defenda, seria mais
barato. Entretanto, apenas cerca de 4% do lixo da cidade é reciclado. Portanto,
há muito que fazer, mas certamente não será feito se o lixo continuar a ser
tratado como falta de consciência ambiental dos cidadãos, fantasia
ambientalista, tese acadêmica, tema de filme que enaltece a miséria e mecanismo
assistencialista, ao invés de ser tratado como fonte de ambição e lucro, e
passar a ser gerido pelo mercado ao invés de pelo Poder Publico, criando
empregos. A começar pelos fornecedores,
a população em geral, que devem, ao invés de pagar, receber conforme entregam o resíduo: separado, limpo, etc. Isso
exigirá alguma estratégia custosa de acondicionamento para esperar a coleta.
Tal estratégia de separação na origem deve ser seguida por uma estratégia de
coleta que mantenha a separação. Portanto, a coleta tem que ser seletiva na sua
totalidade. A destinação tem que ser a
industrialização do resíduo orgânico e inorgânico e/ou a de reutilização de
embalagens via um sistema de devolução integrado. Estratégia de coleta e reutilização pode gerar de outro lado
influencia sobre que material é viável ou não economicamente de ser utilizado
na produção. Mas, para que a coleta e destinação racionais se realizem é
necessário que seja desimpedido e estimulado o caminho dos agentes privados
dotados de capital, tecnologia e idéias para o reaproveitamento mais
racional do lixo, interessados na
coleta seletiva total e destinação industrial do lixo, orgânico e inorgânico.
Infelizmente acontece o contrário, a coleta é monopolizada e os coletores
independentes são perseguidos. Mas, poderia começar pela expansão para a coleta
do sistema de cooperativa de coletores que hoje só manipula material da coleta
seletiva municipal, que é incipiente, e o estimulo à atividade dos coletores independentes.Entendo,
que o maior problema é de fato político, ou seja, a passagem da coleta e destinação publica, onde há interesses em
ficar como está, para o setor exclusivamente privado, sem se tornar um monopólio privado sob concessão do estado o que
gera distorções já conhecidas nas privatizações. Um bom assistencialismo,
verdadeira função do estado, poderá ser feito quando o lixo deixar de ser
problema do setor publico para ser solução para a sociedade e economizar muitos
milhões de dinheiro publico.

Um comentário:

  1. Grande Herculano!!! Pensador do Futuro que sabe tudo do passado!! Quem dera se todos os políticos fossem assim, tivessem esse desejo estratégico de mudar a Sociedade, essa dedicação em estudar e saber tudo da história da humanidade, dos pensadores...
    Vamos aproveitar essa onda de Manifestações pelo diferente e promover um SARAU no pmdb, você é figura obrigatória!!!
    Grande abraço!! Eduardo Cruz

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